LONDON LETTERS
The English Dream, Local elections and, A customs partnership, 2018
Muda o dignatário e suavizam-se as políticas de emigração. RH Sajid Javid é o novíssimo Home Secretary e é também o primeiro governante de raíz asiática e extração muçulmana a ocupar um dos quatro Great Offices of State. RH Amber Rudd resigna do cargo após resistir uma semana a revelações no Guardian sobre o titânico Windrush Affair, tropeçando finalmente nas respostas a comité parlamentar e cai por ter “inadvertently mislead the House.” O May Cabinet perde assim o quarto ministro e uma voz feminina liberal nas trincheiras da Brexit. — Chérie! Tant va la cruche à l’eau qu’à la fin elle se casse!
Os Tories acomodam a crise étnica e sobrevivem no adverso terreno das eleições locais de 4 May, em England, ao beneficiar do colapso do voto Ukip, com os Liberal Democrats a recuperar municipalidades e o Labour a ficar aquém das húbricas expetativas nos círculos de London. — Well. Never sell the fur before shooting the bear. Além mares é o trumpismo em todas as latitudes. Após o male’s friendship show do French President Emmanuel Macron na White House e o professional meeting com a Bundeskanzlerin Angela Merkel, o US President Donald J Trump confirma visita ao reino a 13 June. No entretanto avistar-se-á com Mr Kim Jong Un, com o objetivo da desnuclearização peninsular e os créditos do abraço histórico dos líderes das duas Koreas na zona desmilitarizada. Já o Foreign Secretary Boris Johnson está de visita a Washington DC para persuadir a administração norte americana da virtuosidade do acordo nuclear do West com o Iran. Em Spain, ao dissolver-se, a ETA pede públicas desculpas pelo sangue que por lá derramou durante décadas.
Glorious sunshine in this Monday Bank Holiday at St James, with almost everyone at the garden. O longo fim de semana e a quente atmosfera entrecruzam os quadros de veraneio com o rescaldo das eleições locais pelos média e ainda com tristes notícias sobre uma onda de violência juvenil. Não menos temível que estas batalhas entre gangs, anda de novo a Brexit War. A Prime Minister Theresa May tem em discussão a new EU-UK customs partnership no seio do HMaj Government. O modelo híbrido surge na sequência das derrotas sofrida pela European Union (Withdrawal) Bill na House of Lords, cujos debates em sede de matéria amiúde roçam o surrealismo, não faltando sequer o fantasma do ‘Uncle Adolph’ na fundamentação de série longa de emendas legislativas. Especialmente significativa é a que introduz autorização parlamentar para obrigar o executivo a regressar a Brussels para mais negociações, caso das atuais resulte acordo insatisfatório ou o famigerado no-deal. Empolgados pela ousadia dos pares, no apagar do referendo popular de 2016, os usuais suspeitos em Whitehall murmuram “the need of five more years” para implementar a saída do reino do clube continental. Em tudo isto movem-se discrete & Unhappy Brexiteers, ainda com October como data flutuante para encerrar o processo nas Houses of Parliament e contando os fuzis nas bancadas – talvez insuficientes para dar luz verde ao livre ajuste com a Other Union; bastantes, todavia, para lançar os Tories em corrida à liderança de Downing Street.
Se o Hitler claxon logo esfuma a efémera europeleja retórica na câmara dos pares e desnuda a guerra friccional todo o terreno entre Remainers e Leavers, o cenário de derrube da PM em modo thatcheriano ganha poderoso barítono, O honorável acaba de receber as chaves do Home Office, um sabido cemitério de políticos ambiciosos mas também uma prancha de lançamento para o 10. De lá sai, aliás, Mrs May; e de lá esperavam os centristas conservadores projetar RH Amber Rudd. A expetativa em torno da MP de Hastings and Rye (East Sussex) fica agora em mar de sargaços, não obstantes a resiliência da senhora ter ficado provada: caída como ministra no domingo à noite, no dia seguinte ergue-se na House of Commons com questão à PM sobre o controlo do terrorismo – pasta que geria. Seja como seja, uma eventual disputa pelo leme primoministerial tem um novo candidato potencial, cujo perfil, currículo e rol de serviços soma vantagens na geopolítica interna do Conservative Party e ainda na constelação britânica de eleitorado multicultural.
Por cá é falado entre portas como “The Coconut,” dado o sincretismo. Assumido “2nd-generation immigrant” e jurado em funções com promessa de “do right,” o ministro da administração interna é casado com uma católica e é flho de um muçulmano condutor de autocarros– um paquistanês, chegado ao UK em 1961 com 1£ no bolso. Nascido em Rochdale (Lancashire), cresce com 4 irmãos num 2-bedroom flat de bairro pobre em Bristol onde a família abre uma loja comercial. Ido do Filton Technical College, conquista lugar na University of Exeter e ruma licenciado à City. Aos 20 anos participa em primeva conferência partidária, como thatcherite, não se coibindo de desalinhar da Iron Lady quando esta decide a adesão de Britain ao EU Exchange Rate Mechanism. Aos 25 anos vai para o Chase Manhattan Bank e torna-se o seu youngest ever vice-president em New York. Regressa a London como diretor do Deutsche Bank, sendo recolocado em Singapore. Em 2009, com alguns milhões na bolsa, empenha-se na vida política por inteiro. Em 2010 é eleito como MP de Bromsgrove (Worcestershire). Entra para o Cameron Cabinet dois anos depois, como Economic Secretary to the Treasury (2012), Financial Secretary to the Treasury & City Minister (2013), Minister for Equalities (2014) até Secretary of State for Culture, Media and Sport (2014, com a supervisão da BBC). O trilho ascensional perdura no May Govt, como Secretary of State for Business, Innovation & Skills (2015, e President of the Board of Trade). Aos 48 anos de idade, if anything else. o Home Secretary RH Sajid Javid é um ilustre exemplar do English dream.
O mais jovem casal da Royal Family apronta o matrimónio agendado para 19th May na refrescante reverência pelas ancestrais tradições do reino unido. O último detalhe relativo à boda de Harry of Wales e Meghan Markle é a escolha da modalidade de transporte para St George’s Chapel, em Windsor.
Kensigton Palace revela que os nubentes escolheram um Ascot landau, isto é; uma carruagem descoberta, urbana, convertível, de dois bancos e quatro rodas, que desde já transmite nota romântica ao cerimonial. O fiacre será puxado por quatro dos famosos Windsor Grey Horses, bem humoradamente classificados como um “quartet of good-looking, hard-working royalists:” o Milford Haven, o Storm, o Plymouth e o Tyrone. Os Royal Mews possuem uma dúzia destes coches para uso em celebrações especiais como os jubileus régios, bem como para acontecimentos como a ida para Westminster e a vinda para Buckingham da monarca aquando do State Opening of Parliament. Espera-se um evento pautado por todas as marcas da realeza, pois, com os convidados menos uniformizados entre a pageantry e os trumpeters.
Nestes dias liquídos há aqui vincado traço de continuidade na linha de sucessão da coroa. Aliás, tais sinais somam-se em torno da House of Windsor. Após Elizabeth II indicar ser seu desejo que HRH The Prince Charles of Wales lhe suceda na Commonwealth, gosto imediatamente correspondido pelo G53, aquele recebe um outro singular tributo familiar ao saber o novo neto como Louis Arthur Charles. O Prince Lou-ee of Cambridge, nato a 23 April 2018, a par do middle-name do King George VI, tem o denominativo de alguém que o herdeiro do trono um dia descreve como “the grandfather I never had,” Lord Mountbatten, assassinado pelo IRA em 1979. Como bem escreve em português um amigo em belíssimo livro cujas páginas ainda me deliciam, ter memória é respeitarmo-nos. — Well. Keep in mind how Master Will plays in Macbeth with the human mind and the perils of some exotic amnesia: — “That memory, the warder of the brain, Shall be a fume, and the receipt of reason.”
St James, 7th May 2018
Very sincerely yours,
V.