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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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ANTOLOGIA

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   OTELLO NO METROPOLITAIN

 

Minha Princesa:

 

Fui esta noite ao MET, ao "Otello" do Verdi, com o Placido Domingo, a Renata Scotto e o Sherrill Milnes. Um elenco fabuloso para interpretar a que muitos consideram a obra-prima do compositor. Das três grandes óperas verdianas inspiradas em Shakespeare (o seu "poeta preferido")  -  "Macbeth", "Otello" e "Falstaff"  -  a primeira tem libreto de Francesco Maria Piave, ambas as outras de Arrigo Boito.

A intensidade da fúria e do desejo, a potência do mal e da loucura nas personagens do dramaturgo inglês leva Verdi, logo na Macbeth, a carregar com força dramática a expressão das vozes. A tragédia de Otello será, mais tarde, o exemplo mais poderoso da grandiosidade musical com que Verdi interpreta o drama shakespeareano. E é curioso observar como, na "Falstaff", a escrita musical trata uma comédia complexa com registos mais clássicos ou convencionais mas, simultaneamente, se serve de uma linguagem bem nova. Por outro lado, o clima tenebroso que envolve as conspirações sinistras e os desenlaces trágicos das outras peças impõe-se desde o início, quer em "Macbeth", quer em "Otello": na primeira, uma tremenda tempestade rompe a noite, no bosque em que Macbeth se encontra com as bruxas; na segunda, o navio em que arriba o vitorioso Otello é surpreendido por uma terrível agitação do mar e dos céus, que quase o leva ao naufrágio... Em ambos os casos, a força sugestiva da música coloca-nos logo num ambiente para o qual a simples representação teatral talvez não conseguisse empurrar-nos tanto.

Achei também graça ao facto de ter assistido à "Otello", no dia seguinte à "Candide": lembrei-me do Voltaire que pretendia imitar Shakespeare,que invejava e chegou a insultar. Mas continuo com os ouvidos e o coração cheios do impossível protesto de amor de Otello (Placido Domingo) quando se suicida junto ao corpo de Desdémona:
"Pria d´ucciderti...sposa...ti baciai. / Or morendo...nell´ombra... ov´io mi giacio... / Un bacio... un bacio ancora... un altro bacio..."
Antes de matar-te, mulher, eu te beijei... E ao morrer agora,na escuridão em que caio...um beijo...um beijo ainda...outro beijo!

Na "Traviata" (cujo libreto, inspirado em Alexandre Dumas, é, como o da "Macbeth", de Francesco Maria Piave), a Violetta moribunda parece ressuscitar com o beijo de Alfredo, redimida pelo amor e perdão recíproco. Mas no drama shakespeareano a força do mal é irremediavelmente destruidora. Somos, tu e eu, fisicamente mais nórdicos do que parecidos com os nossos antepassados ibéricos e italianos. Serei também mais germânico, se assim posso dizer, na disciplina mental. Mas no imaginário, muitas vezes me custa acompanhar com o coração essas histórias tenebrosas, vindas da bruma cinzenta de florestas negras, ou duma qualquer escuridão da alma, sem sopro de brisa amena nem calor amigo do sol. Nem a leitura de Nietzsche  - ou de Freud  -  me convenceram do triunfo do reino subterrâneo sobre a alegria da luz que abre as flores.

Ouço Wagner  -  de cuja música tão sentidamente gosto  -  mas recuso-me, intimamente, com todas as varas da minha alma, a satisfazer-me com esse modo do orgulho que não nos deixa transpor o limiar da esperança. Gosto do sol, como os Incas de "Le Temple du Soleil" do Tintin, e todos os outros que o têm celebrado, mais os egípcios e mesopotâmicos, os povos dos confins do mundo, com a mesma esperança de Noé e os da sua arca... E com o conforto de um banhista de domingo!

A  família Shakespeare era, na Inglaterra anglicana e puritana de Isabel I, católica. Ele também seria, mas como judeus e marranos na Ibéria, huguenotes em França  -  e de todos uns poucos pela Europa em guerra de religiões  -  temeria manifestar a sua confissão. Ou, quiçá, a confusão de tudo, inimizades e ódios partidários, o tivessem levado até ao ponto de esquecer a fé. E a esperança.

Ao dramaturgo, o público pede dramas "históricos", Hamlets, Ricardos III e Henriques, por vezes heróis  mais ficcionados: Otello, Macbeth. Ou, para fugir ao castigo, poderá deliciar-se com sonhos de uma noite de verão, ou tantas outras coisas para nada... Ou, ainda, as alegres viúvas de Windsor, esse gozo de um bode expiatório de tudo o que não sabemos resolver nem, sequer, aproximar em jeito de humanidade sentida com os outros.

Como Voltaire no seu "Candide ou l´Optimisme"... Será que o amor vale a pena? Será ele o gesto possível para a redenção do nosso egocentrismo?

"Otello" conta-nos o poder do ódio, a diabolização do outro. Todo o enredo decorre da conspiração oculta de Iago, tudo resulta, finalmente, da perniciosa vontade do mal. O mal conspurca tudo, tudo destrói e mata. Um enredo insidioso e torpe, gerado pela inveja de Iago  -  preterido, por Otello, a Cassio na promoção a capitão  -  sacrificará vidas, baralhando e confundindo a comunicação que é mãe da confiança e a essência do amor. E canta agora, nesta minha cabeça velha e cansada, a memória da "Ave Maria, piena di grazia" da Desdémona, no acto IV do "Otello", na voz de Maria Callas, num disco que deixei em casa: "...eletta fra le spose e le vergine sei tu;sia benedetto il frutto,o benedetta,di tue materne viscere,Gesú." Reza por quem, adorando, diante de ti se prostra, reza pelo pecador e pelo inocente,e pelo débil oprimido e pelo poderoso  -  que é tão infeliz também!  -  mesmo a esse manifesta a tua piedade! Reza por quem, sob o ultraje e a malvada sorte, a fronte verga. E por nós, reza por nós, agora e na hora da nossa morte. Reza por nós, reza por nós, Ave Maria, na hora da nossa morte! Talvez Shakespeare, na noite de um dia, fechando os olhos, tivesse dito o mesmo, em inglês.

 

   Camilo Martins de Oliveira

 

Obs: Reposição de texto publicado em 26.07.2013 neste blogue.

TRINTA CLÁSSICOS DAS LETRAS

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“HAMLET” DE SHAKESPEARE (XXV)

 

“A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca” é da autoria de William Shakespeare (1564-1616) e foi escrita entre 1599 e 1601, tendo lugar no Reino da Dinamarca. Conta a história de como o Príncipe Hamlet tenta vingar a morte de seu pai, Hamlet, o rei, executado por Cláudio, seu irmão que o envenenou e em seguida usurpou o trono, casando-se com a rainha Gertrude.

A Dinamarca estava em luta com a Noruega e havia o risco de uma invasão liderada pelo príncipe Fórtinbras. O tema deriva da lenda de “Amleth”, preservada no século XIII pelo cronista Saxo Gramaticus, na sua Gesta Danorum. O reino da Dinamarca é o mais antigo da Europa e começou a consolidar-se no final do século VIII, numa história complexa e rica. Tudo começa numa noite fria no Castelo de Elsinore. As sentinelas dizem a Horácio, amigo de Hamlet, que viram o fantasma do rei morto. E Horácio encontra-se com o Fantasma. Então Hamlet deseja vê-lo com seus próprios olhos e consegue. O espírito revela a Hamlet que Cláudio matou o pai com veneno e pede que o filho vingue tal crime. Hamlet concorda, apesar das dúvidas, decidindo aparentar a loucura para não levantar suspeitas. Ocupados com os assuntos de Estado, Cláudio e Gertrude tentam defender-se da invasão norueguesa. Preocupados com o comportamento de Hamlet e com a sua profunda depressão pela morte do pai, pedem a Rosencrantz e Guildenstern, para descobrirem a causa da estranha mudança de comportamento de Hamlet. Polónio, o primeiro conselheiro de Cláudio, e Laertes, seu filho, de partida para França, não acreditam na sinceridade dos amores de Hamlet por Ofélia, filha de Polónio, dissuadindo-a dessa ligação. Ofélia também está preocupada com o comportamento estranho de Hamlet, mas confessa ao pai que o príncipe vai encontrar-se com ela no palácio. Polónio percebe que Ofélia ama Hamlet, e interpreta a loucura do Príncipe em virtude desse amor – e avisa Cláudio e Gertrude do que se passa. Hamlet mantém a dúvida sobre o segredo revelado pelo espetro e aproveita a chegada a Elsinore de uma trupe de cómicos para encenar a representação do assassinato, para tentar demonstrar a culpa ou a inocência de Cláudio. Quando ocorre a representação do crime, Cláudio ergue-se e abandona a sala, o que Hamlet interpreta como prova de sua culpabilidade. Cláudio teme pela própria vida e decide enviar Hamlet para Inglaterra, com Rosencrantz e Guildenstern, para ser eliminado. Gertrude chama o filho ao seu quarto. No caminho, Hamlet hesita em matar Cláudio, mas não o faz porque este está em oração. Polónio espia por detrás das cortinas, mas denuncia a sua presença. Hamlet julga tratar-se de Cláudio e mata-o com uma estocada certeira através do cortinado. O Fantasma volta a aparecer, continua a pedir vingança, mas pede que Hamlet trate a sua mãe com doçura. Conhecendo a morte do pai, Ofélia enlouquece. Laertes regressa de França e não duvida da culpa de Hamlet. Cláudio propõe a Laertes uma luta à espada com Hamlet onde o primeiro utilizará uma espada envenenada, enquanto a Hamlet será dada uma taça de vinho com veneno. Gertrude dá a notícia de que Ofélia morreu afogada. Junto da que será a sepultura de Ofélia, Hamlet aparece com Horácio e segura o crânio que deve ser do velho bobo Yorick, que conheceu na infância. “Ser ou não ser, eis a questão”. Quando o cortejo fúnebre surge liderado por Laertes, este envolve-se com Hamlet, mas os circunstantes separam-nos. No regresso a Elsinore, Hamlet é desafiado a lutar à espada com Laertes. O duelo inicia-se e Hamlet atinge Laertes três vezes sem ser atingido por ele. Cláudio oferece a taça envenenada a Hamlet, mas este recusa-a e é a Rainha que bebe o vinho. O duelo prossegue e Laertes atinge Hamlet, mas o príncipe da Dinamarca também atinge o antagonista num estoque fatal. A Rainha morre e Laertes também, revelando o plano de Cláudio. Então Hamlet consuma o pedido de seu pai e põe fim à vida do rei. Ao morrer, Hamlet pede a Horácio que viva para poder contar a todos a sua história e a verdade sobre o que havia de podre no Reino da Dinamarca.

(Sophia de Mello Breyner Andresen é autora de uma das mais belas traduções em português desta obra-prima).

 

Agostinho de Morais

 

SHAKESPEARE CENSURADO…

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DIÁRIO DE AGOSTO (XXIV) - 24 de agosto de 2017


Ainda há muito pouco, Luís Miguel Cintra recordou o momento em que Sophia de Mello Breyner disse ter terminado a tradução do «Hamlet» de Shakespeare. Foi um momento heroico. Trata-se de uma obra-prima da língua portuguesa. 

 

O mais curioso é que ocorreu em relação a esse texto de 1965 um episódio caricato que dá bem ideia do absurdo que é sempre qualquer ato de censura. 

 

António Alçada Baptista pretendeu publicar um excerto dessa magnífica tradução na revista «O Tempo e o Modo» - mas, como acontecia nesses casos, era necessário enviar as provas do texto à Comissão de Censura. Importa esclarecer que a revista foi das mais martirizadas pela censura, tendo sofrido a proibição de cerca de metade dos textos que, entre 1963 e 1969, foram a exame. 

 

Inesperadamente, o texto de Sophia veio totalmente cortado. António Alçada ficou estupefacto. Não esperava que tal acontecesse relativamente àquele texto clássico. Pegou no telefone e falou ao coronel dos serviços de censura. Eram coronéis reformados que normalmente estavam encarregados dessa tarefa… 

 

Do lado de lá da linha, o censor confirmou o corte total do texto. António, com uma paciência infinda, explicou quem era Shakespeare e que o texto era do século XVII. No entanto, inabalável, o coronel insistiu na decisão. Era assim, não havia volta a dar… Mas não dava razões…

 

Perante a insistência, lá veio a justificação. É que no «Hamlet» há uma personagem de nome Marcelo – e (ainda que Salazar estivesse de saúde) falava-se com insistência na hipótese de Marcelo Caetano poder suceder ao Presidente do Conselho – como aconteceria três anos depois… E o censor estava convencido que havia naquela publicação uma intenção politica qualquer… 

 

Não se conformava, porém, António Alçada – e, palavra puxa palavra, tudo acabou com um corte parcial, não se publicando a fala de Marcelo…

 

 

 

 

 

DIÁRIO DE AGOSTO
por Guilherme d'Oliveira Martins

 

 

 

 

 

 

LONDON LETTERS

 

The Brexit legal challenge, 2016-17

Oh Dear oh dear! Três doutos juízes do High Court revogam o voto maioritário de 17.4 milhões de pessoas no euroreferendo de 23rd June e devolvem a decisão da Brexit - Yes/No ao Parliament. Invocam a constituição histórica e não reconhecem poder ao HM Government para accionar o artigo 50 do Lisbon Treaty, por prerrogativa real, principiando os tratos do divórcio com Brussels.

Assim abrem alas aos eurófilos, a cavalgar sem freio contra o juízo popular e que visam congelar o processo na House of Lords. A Press aponta os sabotadores da Great Treason. O acórdão sobe agora para o Supreme, sob apelo da Crown, mas alguém se vai dar mal. Nas cartas figura uma snap election. — Chérie! Le plus court chemin est la ligne droite. A Home Front desnuda-se noutras áreas. O MI5 confirma a prevenção de 15 terror plots no UK durante os últimos três anos. O perigo espreita a ocasião. — Mm-hmm! No ghosts need apply. Sombreado está também o resto do mundo. Após várias peripécias e confusos sinais à navegação, a European Union e o Canada assinam finalmente o acordo mercantil bilateral. Nos US é o suspense total a 48 horas do sufrágio presidencial. O FBI retira da investigação ao Emailgate mas arrisca a vitória anunciada da Secretary Hillary Clinton. A batalha contra o Isis nas areias do Irak alcança as portas de Mosul. Pope Francis viaja a Sweden. Já a Prime Minister Theresa May ultima a visita à India e RH Boris Johnson vai a Berlin. Mr Andy Murray ascende a World Number One no Paris Masters. A Brit red poppy saúda o soldado desconhecido.


Cold  weather
at Central London, with an Artic freeze on the way. Com o tema musical do Dad's Army no ouvido, belissimamente tocado pelos Coldstream Guards numa rendição da guarda em Buckingham Palace, a red poppy atavia as lapelas em vésperas do Remembrance Sunday confiante no governo do dia. Também as efígies de Guy Fawkes ornamentam marches of idiots em Parliament Square e ardem com os usuais fireworks no Fifth of November. Entre a melancolia solar dos versos do “In Flanders Fields” pelo Lieutenant Colonel John McCrae e a flor de seda vermelha criada por Miss Moina Michael, um médico canadiano e uma académica norteamericana, a Royal British Legion dinamiza a homenagem aos caídos na First World War enquanto recolhe fundos para apoiar a família das forças armadas. A iniciativa tem história nobre. Criada em 1921, a RBL une as inspirações nas margens do Atlantic Ocean com volumosa encomenda de 9 milhões de flores a Madame Anna Guérin além Channel. A confortar as almas em quadra de tristeza, a empreendedora gaulesa para cá traz as Papaver rhoeas. O primeiro Poppy Appeal recebe massiva aprovação no reino, sendo todas as pétalas vendidas a 11 November 21 para assinalar o armistício. A legião arrecada cerca de £106,000, solidárias, uma fortuna aplicada a dar assistência médica, emprego e habitação a quantos regressam do combate. Mais: Soma à coragem da frente a gratidão da retaguarda, com ambas, em tributo de dor e de sangue, ganhando a paz – sempre transitória, também esta delicada como as boninas, até à próxima guerra, a deflagrar quando a deslembrança a ousa pensar impossível.


Sinal de respeito profundo para com toda uma jovem geração espalhada por diferentes trincheiras, eis senão quando, em 2016, a escrupulosérrima FIFA proíbe as equipas domésticas de ostentarem o símbolo nas camisolas. Não vale a tinta o argumentário avançado pela organização. O absurdo, porém, serve a que equivocados pacifistas censurem a papoila, e quantos a usam, por militarismo. Por sinal são os mesmos agitadores que usam apontar o dedo contra a defesa do West; e de Israel. Tamanha incompreensão alista-se na desmesura, mas acrescenta à ausência do canto da Flanders de algumas escolas ocidentais ― porque lá pintado como saudando um patriotismo inconveniente. Se tais arrojos servem a ignorância, cabe à memória ensinar a esperança. A clássica coletânea dos poems in dark times, editada em 1919, abre com paisagem interior de quem luta pela vida e retém ainda divinal luz para captar a beleza em terras regadas a seiva humana. O Dr McCrae falece nos instantes finais do conflito de 1914-19, ceifado em funções de cirurgião na Second Battle of Ypres (Belgium) ― tristemente sabida pelo gás contra os aliados. Três anos antes, a cuidar chão alheio, ali acompanha na morte o amigo Lt Alexis Helmer e o sepulta em jardim eterno. A 3 May 1915 escreve dor imensa: In Flanders fields the poppies blow / Between the crosses, row on row, / That mark our place; and in the sky / The larks, still bravely singing, fly / Scarce heard amid the guns below. || We are the Dead. Short days ago / We lived, felt dawn, saw sunset glow, / Loved and were loved, and now we lie / In Flanders fields. Sobrevém uma dúvida, com Ecclesiastes, na luta contra os fascismos vários: Quem não tem por que morrer, seja pelo King/Queen and Country, seja pela Liberty, terá por que viver?!

Dizia Sir Winston Churchill que na política se expira muitas vezes. E a sete fôlegos de gato aspira RH Tony Blair. O ex Prime Minister apela à realização de segundo referendo à questão europeia. Desgosta do desfecho do EU Referendum Act. “We don’t know what we’re getting into,” sustenta o decisor da Iraq War. Guarnecido por mais uma análise meteorológica de bad weather for Britain pela Standard & Poor's, a agência que três dias após o Brexit vote retira à esterlina o estatuto áureo do Triple A, o ido Labour Man persiste na tese que os britânicos mudarão de rota quando sentirem “the catastrophe” na pele. Cedo RH Jeremy ‘Reluctant’ Corbyn e outros hasteiam a voz em glosa. Só a realidade teima em contrariar o previsto dilúvio dos Remainers, no ensaio de demitir o povo. A economia cresce 0.5% no terceiro trimestre, justamente o período que medeia do voto do adeus. A recessão adia-se, pois, para o ano. Haverá que esperar pela desaceleração nas indústrias, de que não se vislumbra sinal dado o ímpeto exportador gerado pela queda de 18% da libra face ao dólar, tal qual pelo evaporar do emprego, na senda do anúncio da Nissan de um novo mega investimento automóvel no reino. Mesmo o Governor Mark Carney fica firme ao leme do Bank of England até ao Summer de 2019. E há o incomensurável “We, The People,” Daí que ao Comeback Kid responda o ukipper mor RH Nigel Farage MEP em registo deveras singelo: “Is just another example of the European Union forcing votes until they get the result they want.” O Labour recua.

Com os vestígios de mais uma bonfire of incompetence’s night na envolvente, no caso secular: o fracasso de Mr G Fawkes em explodir as Houses of Parliament, em 1605, durante a State Opening a presidir pelo King James I face aos pares e aos comuns do reino, observância para as instruções da old nursery rhyme quanto ao “Remember, remember the fifth of November.” As altas razões do decreto setecentista que declara a data como “a national day of thanksgiving and remembrance” sumarizam-se na tríade “gunpowder, treason and plot.” No mais, vem a tradicional ronda infantil para reunir os pennies for the guy e os fogaréus espalhados pela ilha como pretexto de diversão. Em ano findante do 400th anniversary of Shakespeare’s death, companhia sem mácula nas 2016 London Letters, busco alusão à modelar conjura de patetas havida nos seus trabalhos. Tomemos o manual padrão para plotters & conspirators que hoje anima, entre outras, political storylines como as da grandiloquente House of Cards saída da mente observadora de Lord Michael Dobbs. — Oh no you don’t! For sure Master Will peacefully plays at The Globe with the terror and those characteristic brave men in The Tragedy of Macbeth: — ‘Who’s there? ‘Here’s an equivocator that could swear in both the scales against either scale, who committed treason enough for God’s sake, yet could not equivocate to heaven.

 


St James, 7th November 2016

Very sincerely yours,

V.

 

PS: Até ao anúncio dos resultados eleitorais, por momentos, with the right reasons, imaginem um West com os USA do President Donald John Trump. It is just in the divided America…