LONDON LETTERS
A Lovely Christmas indeed, 2016
Chávenas, não quaisquer chávenas, sim chávenas inglesas de Stoke-on-Tent com a assinatura única da ceramista Emma Bridgewater e envoltas na brownie box de “A Great British Present.”
Esta é a escolha da Prime Minister RH Theresa May para os membros de HM Government como oferenda de A Holly Christmas. — Chérie! Il vaut mieux faire envie que pitié. Abre a época natalícia, por cá celestialmente marcada pelo fecho dos festejos do Queen’s 90th birthday year. Em contraponto expande-se a vaga grevista, desta feita ao transporte aéreo. Os sindicatos agitam com um “winter of discontent” enquanto os comuns questionam se o Thatcher spirit habita em Downing Street. — Hmm! Is the robe really what makes the monk? O May Cabinet pondera um juramento de adesão aos “British values” para quantos demandem cidadania. O embaixador russo em Ankara morre em atentado e aguarda-se a reação de Moscow e Washington, com London a evocar a valia da imunidade diplomática para a segurança global. Depois das façanhas de Monsieur Dominique Strauss-Khan, o IMF vê a Director Christine Lagarde condenada num tribunal de Paris por “misuse of public funds” como ministra das finanças. Aleppo cai e a tragédia dos sírios continua. Mr Andy Murray conquista o título de 2016 Sports Personality em ano olímpico.
A chilly weather at London. Alta temperatura, porém, em certos círculos inclinados a alhear-se das artes reveladas em volta nos presépios cristãos e tradicionais Christmas Markets, onde múltiplas formas da criatividade convidam a louvar uma criança de Judah como símbolo das esperanças mais ardentes. Há aqui algo de funda desintonia. Se uns quantos usam a quadra para reivindicar direitos em greves que a outros lesam, dos correios e comboios aos aviões, esgrimindo mesmo com o anseio de derrubar o Tory Government, a generalidade antes se ocupa a preparar aprazível festival de doze dias. A saudar a natividade no Christmas day, movem-se as mentes para o júbilo do second day of Christmas, aqui crismado de St Stephen’s ou Boxing Day, para culminar na epifania dos magos na Twelfth Night, o bíblico achamento que Master William Shakespeare leva à cena na corte Elizabethana de 1601. Tudo é anglicanamente doméstico, em especial depois do Prince Albert e de Mr Charles Dickens popularizarem as palhas epocais em moldes vitorianos. E a selar a festa da família divulga o Buckingham Palace real fotografia dos 90 anos de Her Majesty, tomada por Mr Nick Knight no Windsor Castle. Definitely a happy birthday and beautiful memories, Mum.
Em momento de veloz desaceleração nos quotidianos, pesam os extraordinários eventos políticos que recentemente semearam o futuro. Findando o ano de predita Brexit e incontornável Trumpism, Atlantic Towers que ninguém alienará após a sessão presidencial no US Congress de 6 January, 2017 aproxima-se pleno de exigentes interrogações. No modo de lidar com o United Kingdom e as várias manifestações dos extremismos que em si campeiam, joga a European Union a identidade. O East e o South são o que são: abrasamentos. As eleições em France e Germany condicionam, mas de Brussels almeja-se mais que o business as usual. Pelas ilhas também os desafios somam. Com o reino em reinvenção global, espera-se que, por fim, surja efetiva Her Majesty's Loyal Opposition pelas bandas do Labour Party e do primo nortenho SNP. Com elevada probabilidade de ida antecipada a votos, o Tory Government oscila ainda entre flanquear a sua ala direita, integrando os ukippers, ou solidamente ocupar o centro, ambicionado pelos Liberal Democrats. Entre um e outro polo de Westminster, não de todo divergentes, progredirá London no nevoeiro que a aparta do continente. Mrs May serenissimamente em March dirá.
A fechar a última London Letter do ano, inscrevo votos de A Lovely Christmas and A Good 2017 aos gentis leitores. E nada melhor que a companhia do bardo de Avon para período de recriação. — Shhh. Special words engrave Master Will for this unique season in As You Like It: — Blow, blow thou winter wind? / Thou art not so unkind / As man’s ingratitude! / Thy tooth is not so keen, / Because thou art not seen, / Although thy breath be rude. / Heigh ho! sing heigh ho! unto the green holly: / Most friendship is feigning, most loving mere folly. / Then heigh ho! the holly! / This life is most jolly! ||| Freeze, freeze, thou bitter sky? / Thou dost not bite so nigh / As benefits forgot! / Though thou the waters warp, / Thy sting is not so sharp / As friend remembered not. / Heigh ho! sing heigh ho! unto the green holly, / Most friendship is feigning, most loving mere folly. / Then heigh ho, the holly! / This life is most jolly!
St James, 19th December 2016
Very sincerely yours,
V.