LONDON LETTERS
The nest of doves, and Monday meetings, 2016
O espírito prático dos insulares começa a emergir com aquela discrição que sempre fascina e logra criar e recriar o national consensus em conjunturas críticas. Em volta, mais e mais, as gentes direcionam as mentes para as soluções do post-Brexit UK, lealmente dando conta das ambições do seu papel e contributo na Europe e no World em fórmula caseira de give & take.
Passam os primeiros 100 dias de RH Theresa May em Downing Street e a PM vivencia primordial eurocimeira em Brussels. Da ida ao “nest of doves” faz hoje a statement na House of Commons. Pouco antes reúne com os líderes governamentais de Scotland, Wales e Northern Ireland, atestando que inexistirão trade barriers na Great Union. Também a hostil banca global reentra no enredo. — Mon chérie! Écoute le vent, et il parle. Écoute le silence, il discute. Écoute ton couer, il sait. A 6 meses das eleições para o Élisée Palace, Paris começa a demolição da Calais Jungle. O destino dos migrantes é incerto, rumo a centros por toda a France, mas a Dover chegam os refugiados que ganham a lotaria moral do English Channel. Entre as Calais children há até uns latagões risonhos, a semear interrogações sobre uma operação de “haute risque.” — Well! Knock, knock. Is there anybody there?, thought the Traveller. Os US começam a votar. A White House Race entra no sprint final, com Mr Donald J Trump em perda para Mrs Hillary R Clinton (42-48%) e os candidatos further down the ballot ainda em fluxo em volátil mapa eleitoral. O exército turco reforça na reconquista de Mosul, com o Isis em retirada e muçulmanos e cristãos a regressar às terras libertadas no Irak. Mr Jimmy Perry, um dos génios da Britcom, parte aos 93 anos.
Temperatures increasingly in single figures, nonetheless with largely dry days at Central London. Abramos pela especiaria. RG David Michael Davis é o novo alvo número um da vasta spying community no burgo. O SecSexEU é avisado pelo MI5 que os seus escritos, movimentos e contatos são objeto de interesse crescente por parte de várias chancelarias, decerto por motivo não alheio ao seu estatuto de negociador mor das Brexit Talks. Depois da sugestão dos eurocratas de as próximas negociações sobre a relação UK-EU decorrerem em francês, teme-se por aqui que o Secretary of State for Exiting the European Union siga ido exemplo de um certo presidente gaulês, o qual, por razões privadíssimas, enviava o fumado carro oficial sair pelo portão do Elisée Palace enquanto saía discreto de motorizada por porta dos fundos. Os alertas têm como cenário central a primeiríssima cimeira europeia de Mrs Theresa May. A Prime Minister dispensa a food taster em Brussels enquanto Mr Donald Tusk a diz entrada num ninho de pombas, mas boa fonte informa que as suas claras intervenções no European Council sobre a saída britânica do clube e ainda acerca da emigração, Russia e Syria gelam a sala. Dos joviais cumprimentos iniciais inter pares, para Press ver e comunicar, os 28 líderes passam depois para uma frosty atmosphere, Há mesmo ali um aparente diálogo de surdos. À London do controlo de leis e de fronteiras em "mature, co-operative relationship with our European partners", responde uma polifónica e monocórdica eurovisão: “If Britain wants access to the single market, it must continue to leave its borders open.”
A secundar agendado duelo politico entre atlantes e continentais figuram entretanto os banqueiros e o fórum cá criado para acolher a negociação interna com as devolved administrations do reino. No Joint Ministerial Committee tem assento os First Ministers RH Nicola Sturgeon (Scotland), RH Carwyn Jones (Wales) e RH Arlene Foster e RH Martin McGuinness (N Ireland), bem como o Brexit Sec RH D Davis MP, com Mrs May a sublinhar que “is set to discuss the government’s position on the EU exit strategy.” No final do big meeting no No. 10 desafina uma unhappy Scot remainer, insatisfeita com a ausência de acesso aos secret plans. Várias vozes e tiras de transmissão tocam também o alarme na City e em Canary Wharf com o rumo do dossiê europeu. Com muitas cifras negras à mistura, apontam a próxima deslocalização da Goldman Sacks e afins para… Europe. Agitam com a perda de ativos, empregos e... impostos; apresentam-se abertos a escudo especial do Treasury. A reação dos ilhéus é plural: uns afirmam-se preocupados e outros aplaudem o goodbye. Ora, como resulta da queda da libra, esta é uma partida a observar de perto. London é um mega centro financeiro a competir mais com New York, Singapore ou Hong-Kong e menos com Frankfurt, Paris ou Rome. Uma diferente liga, digamos, num jogo planetário onde tanto pontua a nobre Geneve como plebeias Bermudas ou Panama. Ainda assim, a escolha da língua quotidiana ou do local para viver dos altos banqueiros dirá das afinidades no elite trending. No mais, ver-se-á das fraquezas e das forças civilizadoras do capitalismo em novel batalha ética entre o cosmopolitismo do dinheiro e a soberania do voto.
Numa semana em que os olhares se viram para o English Channel, quer pela violência na evacuação do campo de Calais, quer porque rota preferida pela frota de guerra russa para navegar até à costa síria, destaque especial na partida para a eternidade de um gentil Country gentleman, cujos binóculos miraram os azuis destas costas: nenhum outro senão o autor de “Dad’s Army.” Mr James “Jimmy” Perry (1923-2016) deixa legado de absurdas situações e doces gargalhadas ao longo das décadas, com clássicos da BBC como The Gnomes of Dulwich (1969), It Ain't Half Hot Mum (1974–81), Room Service (1979), Hi-de-Hi! (1980–88), You Rang M'Lord? (1988–93) ou High Street Blues (1989). Da parceria com o ido e longtime writing partner Mr David Croft, um de London e este de Dorset, baseando-se nas vivências do seu tempo na Home Guard, sai a série com os impagáveis e idiossincráticos veteranos. A perfect Brit sitcom, as aventuras dos Old Boys na Home Front passeiam entre o dodgy Private Frazer e o snobbish Captain Mainwaring, sob popularizado lema nativo: “Are you kidding, Mr Hitler?” Já este ano vem a adaptação ao cinema com Mrs Zeta Jones e agora recatada despedida. Farewell, Mr Jimmy. No voo segue um homem natural com sábia liga de são humor na tecelagem do humano carácter. — Well! As Master Will plays with the wording of the dwarf king Oberon in The Midsummer Night’s Dream: — Ill met by moonlight, proud Titania.
St James, 24th October 2016
Very sincerely yours,
V.