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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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UM DECRETO DE HÁ EXATOS 250 ANOS


Nesta alternativa conciliatória e de raízes históricas que nos levam a alternar os teatros históricos e os teatros atuais, referiremos hoje, num breve texto, a criação, há 250 anos, de um sistema de apoio à criação de atividade de teatros públicos em Portugal. Trata-se efetivamente de um decreto datado de 1771, iniciativa do então Conde de Oeiras, filho e herdeiro do Marquês de Pombal, que em 30 de maio de 1771 cria uma chamada Sociedade para a Subsistência dos Teatros Públicos da Corte, empresa municipal mas de capitais privados.


Destinava-se a empresa, segundo o texto legal, a “sustentar os mesmos teatros com aquela pureza e decoro que os fazem permitidos”, nada menos!...  Mas o que estava implícito era bem mais simples. Tratava-se apenas de garantir a permanência e atividade, em Portugal, de uma companhia italiana de ópera, onde se destacaria Ana Zamperini, cantora italiana que dirigia uma numerosa companhia de espetáculo, vasta e qualificada.


E é de assinalar que a permanência e atuação em Portugal envolveu a participação do pai e do irmão de Ana, o que reforça a perspetiva, corrente na época, de mistura de interesses profissionais com participações e interesse familiares... Era hábito marcante na sociedade da época e de certo modo ainda hoje: mas realça-se, neste caso concreto, que a legislação em qualquer caso também era abrangente. O decreto de 30 de maio que aqui citamos, saliente expressamente que a legislação previa expressamente a permanência em Portugal da cantora, do pai, da irmã e da numerosa companhia de artistas que os enquadravam!...


E vale a pena então recordar que a estadia e atuação desta cantora/atriz não foi nem fácil nem duradoura. Em 1774 o Marquês de Pombal expulsa-a pois recusava aceitar a sua conduta pessoal e artística a partir de uma sucessão de comportamentos à época certamente correntes mas em rigor inaceitáveis por quem as praticava em público vinda do estrangeiro e sem qualquer disfarce!...


Assim pensava o Marquês de Pombal ou pelo menos assim argumentava!

 

DUARTE IVO CRUZ

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