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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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VERDI NO S. CARLOS?…

 

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DIÁRIO DE AGOSTO (XXIX) - 29 de agosto de 2017

 

A ópera foi o campo de eleição do genial Giuseppe Verdi.

 

A Itália aspirava há muito à unificação, que pusesse fim à frágil manta de retalhos existente. Havia necessidade de ídolos e Verdi assumiu esse papel. E o artista tornou-se um herói nacional.

 

Lembramo-nos da cena inicial do filme «Senso» de Visconti: “O Trovador” arrebata os espíritos… O seu nome é escrito nos muros das cidades para significar o apelo unificador de «Vittorio Emmanuele Re d’Italia» (V.E.R.D.I.).

 

Poucos sabem, porém, que, segundo a tradição oral dos nossos meios operáticos, nos anos trinta do século XIX (1838), sendo ainda Verdi pouco conhecido, Angelo Frondoni (c. 1808-1891) foi escolhido como maestro do Teatro de S. Carlos. No entanto, em alternativa, o nome preterido foi o de Giuseppe Verdi. Foi Bartolomeo Merelli, em Milão, que indicou Frondoni, e há correspondência com Verdi, a propósito da sua primeira ópera representada no Teatro alla Scala. A antiga e muito repetida tradição confirma-se pelos dados históricos.

 

Mas há mais: quando o jovem rei D. Luís, grande melómano, visitou Paris em dezembro de 1866, foi recebido em casa de Rossini. E houve uma pequena receção, na qual, segundo a «Crónica dos Teatros», participou Verdi, e o rei de Portugal teria cantado a romanza do “Trovador”, com o acompanhamento ao piano do próprio Verdi. Este tornou-se o autor mais representado em Portugal.

 

“Rigoletto”, “Trovador” e “La Traviata” estrearam-se no Porto, enquanto em Lisboa couberam as estreias de “Nabucco”, “O Baile de Máscaras”, “Ernâni” e “Macbeth”.

 

Em 27 de janeiro de 1901, no dealbar do novo século, Verdi morreu – como símbolo máximo da ópera – e bem poderia ter dirigido o nosso S. Carlos...

 

 

 

 

 

DIÁRIO DE AGOSTO
por Guilherme d'Oliveira Martins